terça-feira, 23 de janeiro de 2024

 Dor.


Eu fiz um buraco em mim.

Cavei bem fundo, bem fundo mesmo.

Não tinha dimensão daquele espaço oco, não maduro - imaturo mesmo.

Foi bem ruim me ver assim.

Acreditava estar diferente

Mas ainda inconsequente

Sem controlar minhas emoções

sensações;

projeções;

indagações;

preocupações.

O medo se apossou de mim

num passo, num compasso

Não consegui observar e apertar o freio

O pescoço travou

e o mar dos olhos transbordou

e assim vamos vivendo as curas

cruas

sem saber que aquilo ali precisava ser olhado, visto, notado, percebido.

Agora vi e não se encaixa

Parece que não aceito quem sou

que sinto vergonha de mim, do meu corpo, da minha voz

do meu tom, do meu som

do meu sabor, cheiro, da textura

me perdi.


Eu sobre mim, sem data, sem horário.

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