sábado, 30 de março de 2024

 Rimas para Maria 


Meu xodó

Saudade sem fim 

Queria ter crescido

Com você perto de mim


Suas mãos que faziam 

Benziam 

Curavam

Traziam colo


O alecrim 

As três marias 

Pão com manteiga

Leite com Nescau


Ouço falar de você 

Suas histórias 

Lições 

Dessa roda da vida 


Seu relógio comigo

Parou, o tempo acabou

Na eternidade te vejo, contigo


Maria, você ria 

Como parte de ti, parto

Sou, somos, nós


 Rainha


Regina, rainha 

Mainha de mãe 

Avó, bisavó

Parte de mim


Pariu, sorriu 

Viu a vida passar 

Sem cessar 

Que até se esqueceu 


Quis apagar a memória da vida 

As vezes é melhor 

Indolor 

Isso não é uma dívida 


Trouxe lição, macarrão 

Bordado, rendado

Vaidade, sem idade 

Unha pintada, encantada 


Frases repetidas

Nas folhas dos cadernos 

Nas páginas do ser 

Regina, rainha 



quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

 Sobre o sentir.

Por diversas vezes entendi o sentir como fragilidade.

O choro

o soluço

o apertar no peito

a alegria genuína

o brilho

intenso

profundo

nada raso

Nas variações do Eu, sempre quis ir mais

e mais

Sentir - na pele

às vezes eu não queria sentir, mas quando vejo, já senti tudo

E hoje vejo que não é fraqueza, nem moleza

é preciso entender sobre isso, mas ninguém entende

Fica difícil pra gente

Porque queremos partir, ir, derreter como o gelo

evaporar como água quente

e as vezes ficar, mas ficar por completo, como o fogo que arde e tudo envolve

Mas é preciso a leveza do ar, que se integra ao todo, permeia o todo e sempre segue seu fluxo - com leveza.


 Escrevo o que sinto para entender o que penso.

Como pegar um balde cheio de água e jogar no chão

vou observando cada gota, umas param, umas fluem

umas não saem do lugar

outras evaporam

Esses são meus pensamentos 

nessa prática de observar, me perco e me encontro

nessa busca infinita de mim.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

 

Carta aberta à Mestre.


Qualquer campo que esteve em contato com a sua frequência de Amor, sentiu uma vibração diferente.
Não tem quem não tenha convivido com você, até mesmo de longe, que não tenha vivido qualquer transformação.      
Você transformou corações!     
Você transformou a nossa concepção de mundo e talvez até de Infinito, pois você nos ensinou que nada tem Fim, nada! Especialmente o Amor que nos une, no aqui, no agora e no infinito.       

Quantas vidas deixaram de ser apenas viventes para serem Vidas, com V maiúsculo.  
Quantos enxugar de lágrimas, quantos desesperos sanados com suas palavras, com seu toque acolhedor, com suas gotinhas de floral.          
Quantas vezes nos abriu os olhos, literalmente, nos fazendo despertar de sonos profundos, nos mostrou a direção, orientou, ensinou, abdicou-se de si e dos seus, quantas vezes orou por cada um de nós, quanta expansão nos trouxe, seja pelos estudos ou pelas conversas edificantes, quantos puxões de orelhas oportunos, doídos às vezes, mas com o toque de humor, acoplava os corpos!                   

Gratidão por nos ensinar a desatar nós e a criar laços.  

Tudo o que fazia era com Amor, era ensinar e aprender com Amor, era dar e doar de si mesma com Amor... Ficando gravada a lição: Faça sempre o seu melhor, mas com Amor!

Se o Amor é informação, dínamo, vida, movimento... Você nos fez sentir a sutileza e a beleza do Amor!

A despedida não foi fácil e mesmo sabendo que é temporária, foi desafiadora, cada um sentiu à sua maneira, mas sentiu, muito, e sente ainda, tenho certeza.      

Hoje, querida e amada, Sebá, o nosso maior sentimento e que enviamos todos juntos a você é: Honra, Amor e Gratidão!               

Algumas coisas não se explicam no tempo e no espaço, a finitude de idiomas não é suficiente... E quando nos faltam palavras, só nos resta sentir...   

Seus passos deixaram o rastro para se chegar até os Céus e com você os Céus se aproximaram de nós... Com você, Deus, que era tão distante, se revelou dentro de nós...

Como diz o Poeta: Você foi, é e sempre será: alguém que está guardado debaixo de sete chaves no lado esquerdo do peito... assim falava a canção, mas quem cantava chorou ao ver seu amigo partir... Amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distância digam não... Pois seja o que vier, venha o que vier, qualquer dia amigo nós voltamos a te encontrar, qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar...

Impossível esquecer os seus dizeres: “Eu estou em você, você está em mim, nós somos UM”

Meu amor por você vai além deste plano, além deste tempo e espaço.

Com carinho e saudades sem fim...        

G.

Dez/2022

 Hoje sinto um leve flutuar

melhor

melhorando

melhor ando

ando

andando

Sigo e vou ;)

mas não quero falar muito.

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

 Dor.


Eu fiz um buraco em mim.

Cavei bem fundo, bem fundo mesmo.

Não tinha dimensão daquele espaço oco, não maduro - imaturo mesmo.

Foi bem ruim me ver assim.

Acreditava estar diferente

Mas ainda inconsequente

Sem controlar minhas emoções

sensações;

projeções;

indagações;

preocupações.

O medo se apossou de mim

num passo, num compasso

Não consegui observar e apertar o freio

O pescoço travou

e o mar dos olhos transbordou

e assim vamos vivendo as curas

cruas

sem saber que aquilo ali precisava ser olhado, visto, notado, percebido.

Agora vi e não se encaixa

Parece que não aceito quem sou

que sinto vergonha de mim, do meu corpo, da minha voz

do meu tom, do meu som

do meu sabor, cheiro, da textura

me perdi.


Eu sobre mim, sem data, sem horário.

 Catarse.


As vezes não me encontro e não me reconheço em mim.

Só me sinto bem quando não exponho quem sou.

Quando não exponho meu sorriso,

minhas expressões são demais,

soa corrosivo em mim.

Acho que esqueci a naturalidade do ser feliz e verdadeiro.

Só pensando no que o outro vai pensar, achar, julgar.

Quero atender só a expectativa do outro - a minha não.

A minha que se dane, se lasque.

Dói ser assim. Dói na alma.


GHBNG - 17/01/2024